Sobre pombas e relacionamentos.
Não aceite pouco achando que é melhor que nada. Porque, vai por mim: no final das contas, não é.
Há um tempo vi um post no Instagram sobre relacionamentos com o título “se alguém diz ‘não quero nada sério’, acredite”. O post falava sobre o erro que é permanecer em relações casuais esperando que o outro mude de ideia sobre compromisso.
É a analogia da pomba.
A pomba permanece ao redor da pessoa que joga as migalhas pra não perder aquele pouquinho que recebe. As migalhas nunca são suficientes para satisfazer a fome, mas a pomba permanece lá, porque pouco é melhor que nada.
Com relacionamentos insuficientes é a mesma coisa.
“Vamos ver o que acontece”, você pensa. “Pode ser que seja legal”, você se convence.
E pode ser que, por um tempo, seja mesmo legal. Mas legal pra quem, afinal?
Porque pra quem apenas aceita essa condição que o outro coloca, e depois passa a se limitar em tudo o que quer e sente (porque, afinal, aceitou a condição do outro) é que não é.
Com o tempo, os momentos bons acabam soterrados pelo estresse, ansiedade e choro que vêm junto com a impossibilidade de se ter mais, de se viver mais (porque, afinal, você aceitou a condição do outro, lembra?). E isso não é nada legal.
Relacionamentos, por mais superficiais que sejam, são vias de mão dupla. Se “nada sério” não for exatamente o que você quer também, não fique numa relação esperando que um dia o outro mude de ideia e passe a querer o mesmo que você.
Se a pessoa disser “não quero nada sério”, ouça, acredite, não ignore. E, se você não puder ajustar suas expectativas ao “nada sério”, caia fora.
Não queira parecer descolada. Não faça concessões cuja carga vai ser só sua. Não aceite condições que não são suas. Se coloque como prioridade sempre. Respeite seus desejos, suas vontades, seus sentimentos. Dê também as suas condições.
Não é fácil se vulnerabilizar, é verdade. Sempre vale a pena ser quem se é, mas é realmente difícil acertar PRA QUEM se é.
Mesmo assim, não aceite pouco achando que é melhor que nada. Porque, vai por mim: no final das contas, não é.
Não seja a pomba.
Afinal, se o outro não estiver disposto a ceder, será que vale a pena ficar?
Estava em falta com vocês, eu sei.
Porém, precisei dar uma recalculada na rota. Repensar o que vinha fazendo, o que ainda quero fazer. Pois a rotina de cuidar de filho, da casa, trabalhar pra pagar as contas, cuidar da saúde física, manter a sanidade, o réu primário, tudo isso deu uma bloqueada na escrita aqui.
Mas estamos de volta. A news ainda está em reformulação: criei um versão paga, mas ainda não sei como vai funcionar - então, por enquanto, todo conteúdo é gratuito, e o valor da assinatura fica como uma contribuição para quem quiser (e puder).
De qualquer forma, obrigada a quem permaneceu, mesmo durante essa ausência. Obrigada pela confiança e incentivo, de coração.
💛
Minhas notas aleatórias sobre maternidade, relacionamentos, cultura, feminismo, empoderamento, política. Com dicas de livros, séries, filmes, música, podcasts. Sobre o meu cotidiano como mulher e mãe solo e minhas reflexões sobre os mais diversos assuntos e acontecimentos. Com minhas (tentativas de) crônicas, minhas histórias de viagem. Minha lente de aumento sobre as miudezas do dia a dia.
Tudo em textos curtos, pra ninguém cair no sono no meio da leitura. E leves, porque de pesada já basta a vida.
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Até o próximo domingo.
Um abraço.
Lu Cadore
o primeiro acordo tem que ser consigo mesmo, respeitar os próprios desejos e entender como e onde se está disposto a ceder. depois é que vem a "negociação" com o outro.
Nossa, Lu, essa analogia da pomba serve para todos os tipos de relacionamento, não só os amorosos.
Já fui muito pombo, mas maturidade e o bom senso chegaram 💅🏿 😂😂😂